sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Livros polémicos!

Lembro-me bem do primeiro livro que senti com enorme polémica - "Eu, Carolina". Venderam-se carradas de exemplares e, quando o assunto morreu, o livro desapareceu. A história de Carolina Salgado já não entretém.

Nesta onda dos fenómenos polémicos, tudo é imprevisível. O 'caso Maddie' abalou Portugal ao ponto do livro de Gonçalo Amaral ter sido varrido e proibida a sua venda. Mas, para quem não sabe, pode sempre adquiri-lo em francês: 'Maddie, L'Enquête Interdite', pelo editor Bourin; ou mesmo em espanhol: 'Maddie : La Verdad De La Mentira', pelo Editor Esquilo.

Recordo-me que o livro de Gonçalo Amaral esgotou 80 exemplares em poucas horas na loja onde trabalhava. Nos vizinhos ali perto desapareceram mais cedo. E, em pouco tempo, nada mais sobrava. Nem supermercados, nem livrarias. Nada!

Tenho casos diferentes. Senti que as pessoas devoraram 'O segredo' quando a Oprah falou dele no programa. Ou, num estilo muito longínquo, o livro de Herberto Helder, que, em 2008, saiu e esfumou-se (fiquei com um, porque teve uma edição muito limitada) - 'a faca não corta o fogo'. Agora é o livro 'Aproveitem a vida' de António Feio que está a desaparecer a velocidade estrondosa... Casos, diria, de mediatismo, mas bem longe da polémica.


O que trata, então, um livro como o agora lançado por Hugo Marçal? O título, 'Sabão Azul e Branco', esperou o timming perfeito para sair - a leitura da sentença do Processo Casa Pia.

Os fenómenos da polémica, por assim dizer, têm uma grande diferença para outros picos de venda. Neste caso, pôr a nu um dos casos que mais tinta fez correr na nossa sociedade. Diria, numa expressão, livros cor-de-rosa...

Já repararam que há uma questão que liga o livro de Carolina Salgado, Gonçalo Amaral e de Hugo Marçal? A meu ver, a resposta parece óbvia: procurar justiça fora do Tribunal.

Se querem a minha opinião, não creio que a justiça fique provada pela opinião pública, pelo que os media digam ou alguém escreva. Chamo a tudo isto oportunismo. Maneira fácil de fazer dinheiro...

E o que me dizem?

5 comentários:

  1. O livro apresenta as provas documentadas que Hugo Marçal apresentou em Tribunal e que este simplesmente ignorou.
    Leiam o livro sem falsos pré-conceitos e vão ver que nem sempre o que os media mostram é a verdade. Houve muita coisa que se passou ao longo destes anos que o público não sabe.

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  2. Concordo contigo. Penso que nas situações que apontaste, tudo gira em torno do dinheiro e do marketing. Os intervenientes ganham fama e dinheiro às custas de uma Justiça deficiente e incompetente que temos em Portugal. E se juntarmos a isso o hábito português de "cuscar", observar a desgraça alheia e formar a sua opinião, muitas vezes contrária à racionalidade, então temos a fórmula perfeita.

    Acho que autores e editores são inteligentes ao fazê-lo, mas é uma inteligência viciosa que não olha a meios para atingir os objectivos.

    Por outro lado, casos mais "inocentes" como "O Segredo" ou o novo de António Feio, não me parecem tão nocivos. Há um aproveitamento do mediatismo e do marketing, sim, mas são livros com temáticas não tão polémicas e que não afectam directamente ninguém nem nenhuma instituição.

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  3. "Anónimo", o que Hugo Marçal fez devia ser proibido. Qualquer caso de justiça em Portugal devia respeitar o silêncio.

    Num mundo em que equilibramos a liberdade de expressão e o segredo de justiça, julgo que seria mais racional defender os aparelhos que temos para ela ser provada.

    Pergunto, então, o que aconteceria se todos os intervenientes no processo viessem a público escrever um livro sobre o caso?

    Lamento, mas tenho mesmo preconceito. Respeito este fenómeno como qualquer coisa que venda. Mas não o aceito.

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  4. Ele respeitou o silêncio até ao momento da leitura do acórdão. a partir daí não há mais segredo de justiça. Ao contrário de outras pessoas...
    É pura e simplesmente o direito à defesa e à liberdade de expressão. Só lê quem quer.

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  5. Acredito que o segredo de justiça deve operar, também, para o futuro, sob o caso julgado. Considero a liberdade de expressão um dos direitos mais importantes do Estado democrático. No entanto, julgo que cometemos um erro ao deixar que tudo seja aceite e divulgado.

    Neste caso, estamos a falar de crianças que foram abusadas. Mesmo que Hugo Marçal apresente todas as provas do mundo num livro, acho que devia respeitar as vítimas. Vir escrever um livro, a meu ver, não ajuda.

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