Enquanto folheava uma revista, deparei-me com um artigo acerca da autora Nora Roberts e do seu grande sucesso. Quem a conhece, sabe que é uma espécie de “rainha do romance” e com um raro feito de ter cerca de cem best-sellers no seu currículo.
No entanto, ao ler sobre o seu sucesso, dei por mim a pensar na sua (e na de outros autores) versatilidade. Sabendo que o seu ponto forte está nas histórias românticas e que daí consegue ser comercialmente bem sucedida, a verdade é que na sua vasta bibliografia Nora Roberts nunca se aventurou muito por outros géneros (embora polvilhe os seus romances com elementos de outros géneros, como o policial e o suspense). O mesmo acontece com J.K. Rowling ou Dan Brown, por exemplo.
Não estou a criticar esses autores, principalmente porque não sou leitor de Nora Roberts. Pelo contrário. Acho que é de uma grande inteligência apostar e investir num género que se sabe ser o nosso ponto forte. E é de uma inteligência maior conseguir reinventar e inovar nesse mesmo género em que se investe, conseguindo ganhar cada vez mais leitores.
Porém, uma vez que sou um autor em início de carreira, penso nisto mais a fundo. Talvez por ingenuidade ou até devido a um certo desconhecimento de como funciona todo o meio literário, não queria ficar preso a um género ou estilo. Penso que uma maior versatilidade na escrita é boa para o autor (desafia-se a ele próprio e enriquece-se pessoal e profissionalmente) e para os leitores (surpreendidos pelas novas “ofertas” do autor). Gosto de ler e escrever o género fantástico, mas no momento que sinta que amadureci, espero conseguir experimentar outros géneros.
É sempre um risco a aventura por outros géneros e estilos. Tanto pode significar o crescimento do autor, como a sua “morte”. Corre-se o risco de perder os leitores conquistados até então, corre-se o risco de perder o interesse da editora e, pior, corre-se o risco de se perder a confiança no nosso talento. E, aqui, a insistência do autor num só género já não parece tão limitadora, mas sim segura e inteligente. Não nos podemos esquecer que um livro não é apenas um produto cultural e artístico, mas também um produto comercial.
Qual a vossa opinião sobre a versatilidade dos autores? Concordam com a aposta num só género, tornando-se cada vez mais fortes? Ou acham que um grande autor só se define pela sua versatilidade?
Excelente questão.
ResponderEliminarSe por um lado acho que os autores devem escrever aquilo que os impulsiona mais (quer seja dentro do mesmo género ou não), também percebo o comodismo e vantagens que estão associadas a ficar no mesmo género e estilo.
Pessoalmente, enquanto escritora amadora, gosto de me aventurar por terrenos diferentes, mas também sei que me sinto melhor dentro da fantasia e ficção científica.
Mas também penso que se um autor que eu adoro ler trocasse de género literário, eu não teria dificuldade em segui-lo.
Pois, não sei não, e se o Almodóvar começasse a explorar o género Manoel de Oliveira ou o Botero o estilo do Klimt... mas, depois há o Leonardo da Vinci.
ResponderEliminarAcho que os autores podem cavar a sua própria morte se focarem sempre o mesmo estilo. No entanto, a maior parte não arrisca mudar a sua escrita, porque é bem mais difícil.
ResponderEliminarMais do que o estilo, a mim interessa ver a forma de escrita. Julgo que um escritor deve procurar fazer ensaio, poesia, escrever contos ou um livro infantil.
Isto é que é, para mim, versatilidade; talvez aquilo que considero ser os melhores autores. Mas apenas na teoria. Há excelentes escritores de prosa que são uma nulidade na poesia e vice-versa. Há quem escreva livros infantis uma vida toda e se aventure num flop romanceado.
Sou um pouco alinhado com a opinião da Raquel. 'Um Leonardo Da Vinci'. O espírito do homem do Renascimento: pinta, escreve, sabe sobre ciência e filosofia.
O escritor deve procurar (mais do que a 'classe' a que pertence) saber mais. Ler os mais diversificados estilos, ir aos clássicos, à origem da literatura nos teatros gregos. Deve passar por tudo.
Só assim pode arriscar. Mesmo incompreendido, não deixará, a meu ver, de ser um grande autor.
Não acho que um grande autor se defina apenas pela sua versatilidade.Mas tudo depende da sua intrínseca forma de ver o mundo,pois eu acho que se se possuir uma sede por conhecer e dar a conhecer só se consegue fazê-lo de forma mais completa na diversidade.A par disso existe a peculiar forma e expressão de cada autor e cada um fá-la emergir de acordo com a sua vontade e de acordo com a sua identidade artística ou literária.
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