sábado, 21 de agosto de 2010

Ana Teresa Pereira


Posso tratar-te por tu? Já levas anos na escrita, mas sinto a proximidade de ter um livro teu. É como se rezasse ao meu Deus ou ao Anjo da Guarda.

Abro no capítulo I. Intitulaste 'Je reviens'. Tenho curiosidade em ver todos os outros. Fizeste 20 capítulos em 125 páginas.

Mudo a página. Vejo o que publicaste. Começaste em 1989, tinha eu 6 anos. A tua obra é vasta, não te sabia tão talentosa. 23 livros, estará actualizada esta informação? Não sei, pouco importa. 'O Verão selvagem dos teus olhos' é o primeiro que pego.

Registo a tua dedicatória, a Daphne du Marier. Morreu no ano em que publicaste o teu primeiro livro. Sabias disto? Penso que sim, foi a tua musa inspiradora. Todos nós temos heróis...


Passo à próxima. Uma frase de William Blake. "Fiery the Angels rose, and as they rose deep thunder roll'd
Around their shores (...)". Porquê esta frase? Vais dar resposta na história?

Não quero saber nada sobre ti. És escritora. Há tão poucas em Portugal e as que vendem são tão más! Sei que escreves bem, por isso foste escolhida para 'livro do mês' neste blogue. Vou começar a ler-te. É 1.30 da manhã, amanhã estou de folga. Dou-te umas horas...

1 comentário:

  1. "Eu sempre me senti uma estranha, como um anjo caído que não sabe muito bem onde está."

    As personagens reconhecem que estão perdidas.
    São personagens a que apetece dar a mão, orientar, abraçar.

    E dentro do amor uma quase esperança:
    "Nós somos feitos dessas coisas, a primeira recordação, o primeiro amor, os primeiros livros. Gostávamos de lilases e dos quadros de El Greco, e dos poemas de Stevenson. Mas não foi por esse motivo que ele se apaixonou por mim. Teve mais a ver com o corpo, com o rosto, com os meus olhos que o inquietavam, às vezes acho que ele casou comigo porque queria saber o que estava atrás dos meus olhos, eu era a sua América, a sua terra desconhecida."

    Mas as horas passam, inexoravelmente passam:
    "A hora dos demónios já passou - a hora dos demónios é por volta das três da manhã, noite após noite, após noite."

    O tempo inexoravelmente passa:
    "Os meus também ficaram mais finos nos últimos tempos, porque é que a vida nos adelgaça os lábios. ... Procurei o meu reflexo na vidraça para ajeitar o cabelo, estranho como não nos desprendemos dos gestos antigos."

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