sexta-feira, 30 de julho de 2010

Os Livros e o Cinema

Em muitas das sessões de apresentação do meu livro, houve uma pergunta omnipresente entre o meu público: "Quando sai o filme inspirado no livro?". Obviamente que esta pergunta me deixa com um sorriso nos lábios pela sua inocência e por duas razões principais: seria necessária uma imensa logística para produzir em cinema uma história de fantasia como a minha e os autores portugueses estão longe de atingir um patamar de interesse que os leve ao cinema.

Mas essa relação quase imediata que se faz entre um filme e um livro (especialmente entre os jovens) tem uma razão de ser. Há cada vez mais adaptações de livros no cinema, criando uma espécie de sucesso ciclíco. Os fãs do livro inevitavelmente têm curiosidade para ver o filme e depois do filme muitos são aqueles que vão experimentar o livro. Basta olhar para os top's de vendas para perceber que quando o filme estreia, há todo um "novo" marketing construído para relançar o sucesso do respectivo livro.

A maior parte daqueles que experimentam os dois produtos culturais, consideram que o livro tem sempre mais qualidade. Mas se analisarmos a fundo, será que realmente podemos estabelecer comparações? Obviamente que um livro terá muito mais profundidade e desenvolvimento da história e personagens. Um filme, limitado a pouco mais de duas horas e com uma atenção especial pela força das imagens, nunca conseguiria transmitir essa profundidade. É apenas uma interpretação, uma nova visão do livro e que vem enriquecer o universo da história.

Mesmo atacando de certa forma a magia infinita da imaginação do leitor, eu encaro os filmes adaptados de obras literárias como uma excelente forma de convergência entre meios de comunicação que têm como objectivo levar histórias às pessoas. Claro que isto nem sempre corre bem...

Qual a vossa opinião sobre esta relação entre os livros e o cinema?

3 comentários:

  1. Para mim, raramente leio um livro depois de ter visto a sua adaptação ao cinema. Só acontece quando o filme é muito bom e eu quero mais, quero mais detalhes.
    Porque o livro é isso mesmo. Mais.
    Num livro, o escritor tem que escrever o ambiente, o espaço físico. Tem que escrever todos os detalhes, as personagens, etc. Depois decorre a acção. No filme nós vemos a acção, que nos envolve e muitas vezes os detalhes e o ambiente passam despercebidos pois é difícil para o realizador mostrar tudo o que está descrito no livro em pormenor.
    Depois temos que ter em conta que há uma adaptação. Assim como nós fizémos um 'filme' na nossa cabeça ao ler o livro, quando vemos um filme, aquela é a visão do realizador. Há muito boas adaptações e outras que nem lhes posso chamar más adaptações. Quando o realizador muda o curso da história dando-lhe outro fim ou mudando a história do livro fico fulo. Por exemplo no filme UMA CASA NO FIM DO MUNDO vim danado pela mudança do final. Acho uma falta de respeito pelo escritor e pelos leitores que gostaram do livro e querem recorda-lo em filme.
    Numa boa adaptação, lembro-me por exemplo A CASA DOS ESPÍRITOS, que ao cortarem uma geração da familia Trueba, não foi posto em causa o sentido do livro e a história.
    O único filme que vi que esteve muito superior ao livro foi o JULIE E JULIA, o livro era fraquinho e pouco falava na Cozinheira Julia Child e o filme juntou a história do livro com a história verdadeira da Cozinheira que inspirou a escritora. Muito melhor. Com muito mais conteúdo, e com uma interpretação fantástica da Meryl Streep.

    Quanto ao teu livro (que eu ainda não li)e ao facto de te perguntarem pela adaptação cinematográfica... é completamente natural. É como ver em carne e osso a história que gostamos de ler. Se tivésses nascido nos EUA, como por exemplo o Paolini, talvez isso acontecesse. Agora cá no nosso paisinho... O livro tinha que ser uma coisa soberba e incrivelmente inovadora para chegar a um écran de cinema. Desejo-te boa sorte! Nunca se sabe.

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  2. Por acaso um filme que vi há pouco tempo, A MULHER DO VIAJANTE DO TEMPO, deixou-me curioso em como é que o escritor terá conseguido colocar em papel todas as histórias paralelas que se entrelaçãm em vários pontos. Um dia destes ainda vou pegar no livro!

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  3. Depois de ler o livro, gosto de ver certas adaptações. Até porque é uma forma de visualizar os cenários, os personagens e poder confirmar se correspondem ao meu imaginário. Confesso que por norma não correspondem! ;) Só a título de exemplo, o primeiro filme da saga Harry Potter foi para mim uma desilusão, que não voltei ao cinema para ver mais nenhum da saga. Já "Ensaio Sobre a Cegueira" e "Revolutionary Road" foram dos poucos filmes que me deixaram realmente satisfeita ao sair do cinema.
    Quando vejo o filme primeiro, nunca leio o livro depois. Tentei uma vez e foi em vão. Talvez num futuro lá bem longe, depois de já não me lembrar do filme isso possa acontecer...

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