sexta-feira, 16 de julho de 2010

O caçador de tesouros, Jean-Marie Gustave Le Clézio

Clézio chegou à minha estante no ano em que ganhou o Nobel da Literatura, 2008. Demorei a pegá-lo, andava entregue a outras aventuras. Mas a sua hora chegou, em Novembro do ano passado.

Confesso que já o tinha aberto há uns meses, mas ficou pendurado nas primeiras 50 páginas. Nada que me assuste, porque pondero os livros que compro e lei-os sempre até ao fim. São um investimento intelectual, um modo de vida, valem dinheiro. Não desperdiço, portanto, páginas.


Talvez esta mania de 'nomeáveis' para prémios Nobel não seja uma boa ideia. Nesse ano falava-se nos suspeitos do costume: Vargas Llosa, Philip Roth, Cormac McCarthy ou ainda do nosso Lobo Antunes. Chegou o anúncio e saiu J.M.G. Le Clézio. Uma surpresa.

Conclusão: não hesitei em comprar este - até porque esgotou num curto espaço de tempo.

A história deste livro é bastante boa. Tem que ser saboreada pouco a pouco (o tamanho pequeno da letra ajuda!).

Viajamos com o mar como nosso motor. Passamos muito tempo em Rodrigues, no arquipélago das Maurícias. Percorremos a infância de duas pessoas que se afastam. Na ilha trabalhava-se muito. O rapaz parte em busca do mar que nunca deixa de ser uma extensão da sua personalidade. E leva-o em busca de um tesouro, marcado num mapa, num local bem afastado da sua origem. A sua obsessão é tão grande que se torna num solitário. Mas vai encontrar uma pessoa de uma tribo muito fechada por quem se apaixona e com quem vai ter diálogos desconcertantes.

Deixo, aqui, um deles.

"Porque é que procuras ouro aqui?"
"O ouro não vale nada, não se deve receá-lo. É como os escorpiões, que só picam quem os receia."
"Vocês, os do grande mundo, pensam que o ouro é o que há de mais forte e desejável, e é por isso que andam sempre em guerras. Em toda a parte, para possuir ouro, as pessoas estão dispostas a morrer."

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