E mais não digo. Leiam com máxima urgência Jerusalém e deixem de lado o que estiverem a ler - pausa! Literatura a sério... Bem escrita, genial, envolvente.
Fica um cheirinho:
(...) seis milhões de seres humanos foram arrastados para a morte sem terem a possibilidade de se defender e, mais ainda, na maior parte dos casos, sem suspeitarem do que lhes estava a acontecer. O método utilizado foi a intensificação do terror. Houve, de começo, a negligência calculada, as privações e a humilhação (...). Veio a seguir a fome, à qual se acrescentava o trabalho forçado: as pessoas morriam aos milhares, mas a um ritmo diferente, segundo a resistência de cada um. Depois, foi a vez das fábricas da morte e todos passaram a morrer juntos: jovens e velhos, fracos e fortes, doentes ou saudáveis; morriam não na qualidade de indivíduos, quer dizer, de homens e de mulheres, de crianças ou de adultos, de rapazes ou de raparigas, bons ou maus, bonitos ou feios, mas reduzidos ao mínimo denominador comum da vida orgânica, mergulhados no abismo mais sombrio e mais profundo da igualdade primeira: morriam como gado, como coisas que não tivessem corpo nem alma, ou sequer rosto que a morte marcasse com o seu selo.
...
É nesta igualdade monstruosa, sem fraternidade nem humanidade - uma igualdade que poderia ter sido partilhada pelos cães e pelos gatos - que se vê, como se nela se reflectisse, a imagem do Inferno.
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Depois da entrada nas fábricas da morte, tudo se tornava acidental e escapava por completo ao controlo tanto dos que infligiam o sofrimento como dos que o suportavam. E foram muitos os casos em que aqueles que um dia infligiam o sofrimento se transformavam no dia seguinte.
Um daqueles livros que apanhei da prateleira do jumbo num gesto de puro acaso e que se transformou num dos maiores achados do meu instinto no mundo das folhas de papel.
ResponderEliminar“O próximo século será o da seriedade, ou então perderemos tudo o que conquistámos”
ResponderEliminar“Ajo para mim, actuo como se vivesse em frente ao espelho. Egoísmo ou, afinal, boa economia dos impulsos”
“Um homem que não procure Deus é louco. E um louco deve ser tratado”
“louco é o que age imoralmente e louco é o que agindo moralmente pensa de modo imoral”
“O sobrevivente de um campo de concentração disse: «Os homens normais não sabem que tudo é possível»
“o bem e o mal têm origem na inactividade e no tédio”
“Se não sentes a alma parte o vidro com ela”