terça-feira, 6 de julho de 2010

Fernando Pessoa, autopsicografia

O Poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
esse comboio de corda
que se chama o coração.

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